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O não Belo Desmonte do Cine Excelsior de Juiz de Fora

Artigo enviado ao blog do Coletivo Sem Paredes, grato a eles pelo incentivo e oportunidade.

Por Alessandro Driê

O Cine Excelsior de Juiz de Fora, para quem não sabe, é o maior cinema do interior de Minas Gerais. Ou está deixando de ser. Nesta última semana de novembro 1.250 poltronas foram retiradas e algumas informações extraoficiais dão conta que se transformará em um estacionamento.

Foto: Tribuna de Minas

Eu soube deste fato pela rede social, e a história deste cinema bem como de toda a burocracia de uma tentativa infrutífera de tombamento pode ser acessada aqui.

É triste viver em uma época em que se matam os cinemas, especialmente os de rua, como o Belas Artes em São Paulo – onde tive oportunidade de assistir a um lançamento de filme com direito a uma festa – ou como de tantas outras cidades. Deixam de ser templos da arte e se tornam templos religiosos ou comerciais…

Aqui mesmo em Juiz de Fora, ao longo dos últimos anos, perdemos o Cine Veneza, com mínima repercussão, em uma era pré-Orkut e de domínio da mídia tradicional. Depois foi o Cine São Luiz, que em seu final de vida exibia filmes pornôs. A mobilização foi pequena, proporcional ao seu público, embora com algum apoio das pessoas ligadas à Cultura. A mesma repercussão ou até mesmo menor, quando dois shoppings fecharam suas salas de cinema.

Por outro lado, houve mais barulho e apoio, do Poder Público inclusive, para manter aberto nosso único cinema de rua que ainda está ativo, o Cine Palace.

Nesses tempos em que a Internet se fortaleceu, tempos de Ocupa Rio, Acampa Sampa e afins, faz-se necessário chamar todas as pessoas que souberem da remoção do Cine Excelsior possam passar da indignação à ação. Já foram perdidas muitas batalhas acerca do Patrimônio material na cidade, mas já houve vitórias, como o caso da Mata do Krambeck, ou mesmo do Cine Palace.

E quanto ao Cine Excelsior? Uma parte d@s amig@s que tenho no Facebook nunca entraram lá, devido aos quase 20 anos paralisados. Jamais viram o seu belo interior em Art Deco. Muitos até brincavam com letreiro existente a respeito de um filme “Fechado para Reforma”…

Depois de postar os links do início deste texto no meu perfil, brinquei de marcar alguns contatos nas poltronas vazias de uma fotografia recente do Excelsior. O link não foi apenas virtual – se revelou afetivo. Dali, e em outros perfis, pude ver o fantástico poder de compartilhamento e mobilização das redes. Muitas pessoas viveram aquele cinema desde a sua inauguração. Alguns até assistiram a um filme, então recente, de Fellini!


Foto: Blog Maria do Resguardo

Pelo o que eu me lembro, provavelmente foi o primeiro cinema que entrei na vida para ver, creio, “O Fusca Enamorado”. Lembro também que foi o único cinema em que fui barrado, por não ter idade para assistir a um filme do Schwarzenegger… Cada frequentador do Excelsior tem uma lembrança, foi o primeiro cinema de muita gente.

São Paulo reabriu o Cine Marabá. Juiz de Fora poderia seguir o exemplo. O Cine Excelsior, pelas suas dimensões, também se adequaria perfeitamente ao teatro e a espaço de eventos como shows, palestras e formaturas. Infelizmente, nem a iniciativa privada e nem as inúmeras universidades locais se interessaram.

E o Poder Público está mais preocupado em trocar os canteiros da principal avenida da cidade acreditando que vai melhorar o trânsito, do que ajudar a manter vivo um espaço em que se contam histórias, informam, trocam ideias e permite sonhar.

Fonte: Coletivo Sem Paredes

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