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Sem Fôlego e sem Foco

O Jornal Tribuna de Minas publicou, em 28 de março de 2013, a matéria “Mesmo fôlego e com foco”, sobre a Audiência Pública em que o Superintendente da FUNALFA esteve na Câmara Municipal de Juiz de Fora na qual apresentou seus planos para o setor em 2013.

No dia em que sentir que não posso mais fazer a diferença, volto ao meu lugar de origem. Enquanto isso não acontecer, continuo animado, com fôlego para defender o que estamos construindo coletivamente, apesar dos cabelos brancos.” Foi com essas palavras que o superintendente da Funalfa, Toninho Dutra, respondeu à provocação do vereador Wanderson Castelar (PT), que disse ter tido a impressão de vê-lo desanimado ao apresentar as metas da Funalfa para 2013 ontem à tarde, na Câmara. “Grande parte da minha fala foi sobre orçamento, um assunto com muitas informações e números, isso pode ter pesado. Ou pode ser por causa da minha camisa cinzenta e do dia nublado”, explica, com bom humor, o superintendente.

De fato, muitos números foram apresentados na sessão de ontem. Segundo Toninho, atualmente não há dinheiro para novas demandas, mas a intenção é que o orçamento seja aumentado gradativamente. No momento, a verba municipal destinada à cultura corresponde a quase 1% (aproximadamente R$ 12 milhões) do total do orçamento municipal (cerca de R$ 1, 4 bilhão), e a Funalfa pretende expandir este percentual para 2%. “Só com o carnaval gastamos mais de 10% de nossos recursos. Por esse e outros motivos, é imprescindível que aprovemos o Plano Municipalde Cultura como lei. Na elaboração, os critérios Plano Plurianual (PPA) e Lei Orçamentária Anual (LOA) são coerentes e consonantes com a realidade da administração e o dia a dia da cidade.”

Apresentando as metas da gestão, Toninho ressaltou que a conclusão do Teatro Paschoal Magno está entre as ações prioritárias. Segundo o superintendente, resta a reorganização do processo para a captação de recursos por meio da Lei Rouanet. ” O projeto para a conclusão já foi aprovado, estamos com dificuldades de captação junto à iniciativa privada, mas estamos perto de conseguir a verba necessária.” Toninho adiantou que o prefeito Bruno Siqueira já sinalizou positivamente para a realização de um concurso público para a Funalfa, que atualmente opera com o quadro de funcionários defasado em 44%.

Entre os pontos de ação, foi destacada a ampliação do atendimento dos centros culturais já existentes, como Biblioteca Municipal Murilo Mendes, Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, Centro Cultural Dnar Rocha e Museu Ferroviário.

O superintendente também destacou como metas a acessibilidade nos prédios públicos, valorização os artistas locais, incentivo à leitura por meio de troca de livros e nas bibliotecas públicas e criação de políticas de educação patrimonial. “Precisamos ainda fortalecer nossa ação nos bairros. Reconhecemos que este é um calcanhar de Aquiles, mas a ideia é trabalhar para reverter isso sem levar nada pronto, mas atuando a partir das manifestações culturais que já existem nestes locais.”

Outro foco da Funalfa é o programa “Gente em primeiro lugar”, que atualmente atende seis mil crianças e adolescentes de 62 bairros selecionados na cidade. “Este projeto tem sido a menina dos nossos olhos. Queremos levá-lo a mais bairros porque sabemos que ele atua nos locais que mais precisam e que menos têm acesso à cultura.”

Toninho também destacou a necessidade de atuar junto a outras pastas da Prefeitura no combate à violência na cidade. “Dando resposta a uma demanda popular, toda nossa agenda cultural será voltada para o tema ‘Violência e paz’, buscando lançar provocações para que ele seja debatido. Quem sabe a arte pode ajudar a mudar a situação atual?”, questionou o superintendente, lembrando que a Semana de Arte Moderna de 1922 interferiu de forma significativa no contexto social e cultural da época e de diversas gerações.

A programação de combate à violência terá início no dia 2 de maio, com exposição de diversos artistas locais, como Carlos Bracher, Dnar Rocha e Arlindo Daibert. A iniciativa também prevê um show de cantores locais, com canções que retratem a temática.

Cine Excelsior

Uma das questões mais discutidas pelo público foi a polêmica em torno do tombamento do Cine Excelsior. “Falou-se em preservação do patrimônio, mas nunca fomos chamados à Funalfa para discutir a questão do Cine Excelsior, apesar do clamor popular para que ele seja tombado, com cerca de 1.600 assinaturas recolhidas”, aponta Alessandro Paiva, da Associação Amigos do Cine Excelsior.

Também representando o grupo, o cineasta Franco Groia questionou a ação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac) em relação ao pedido de tombamento do imóvel. “Em nenhum momento foi feito um estudo histórico-artístico do local. Juiz de Fora tem uma tradição cinematográfica, berço de João Carriço, e o Cine Excelsior está sendo ignorado.” O vereador Roberto Cupolillo (Betão-PT) fez um pedido de informação referente ao projeto.

Em resposta ao grupo, Toninho destacou que os documentos estão abertos à população, e que o Comppac atuou dentro dos rigores da lei. “Não atendemos interesses de terceiros, o processo foi feito com responsabilidade, e este pedido de tombamento já foi negado nove vezes. Isso não pode estar relacionado a alguma falha do Comppac, mas à inviabilidade da solicitação. A Funalfa está, sim, preocupada com a memória do cinema local, prova disso é o fato de o Cine Palace só estar aberto porque a Prefeitura interveio nesta causa, e a Funalfa compra cerca de 37 mil ingressos para exibições escolares. Foi a maneira que encontramos de atuar. Temos limites e estamos cientes deles, mas trabalhamos com lucidez para equilibrá-los.”

Fonte: Tribuna de Minas

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