Matéria publicada no jornal O Tempo, de 28 de outubro de 2007.
Com curadoria de Alessandro Driê e Adriane Pureza, capital terá três mostras com filmes do gênero
DOUGLAS RESENDE
Na noite de hoje, 46 cidades brasileiras, e não se sabe ao certo quantas no mundo, vão celebrar o D.I.A. – Dia Internacional da Animação -, criado pelo animador português Abi Feijó. Em Minas, quatro cidades participam da celebração com mostras e oficinas – Belo Horizonte, Betim, Juiz de Fora e Uberlândia. Com curadoria dos animadores Alessandro Driê e Adriane Pureza, a capital recebe três mostras – uma internacional, uma nacional e outra mineira.
“Na internacional, há um intercâmbio entre os países. Enquanto filmes brasileiros vão para determinados países, húngaros e franceses vêm para o Brasil”, comenta Adriane, citando os dois países escolhidos para a mostra internacional, que reúne 16 animações. Já a mostra brasileira exibe filmes que ganharam fama de tanto que rodam pelo Brasil, como “Matinta Pereira”, de Humberto Avelar. A mostra mineira, a maior delas, será exibida amanhã, quando o D.I.A. invade o Cineclube Curta Circuito. Segundo Adriane Pureza, a maioria das animações mineiras é produzida por alunos e ex-alunos da Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG.
“Os filmes da EBA estão num nível internacional. Tem um, chamado ’Moradores do 304’, do Leo Catapreta, que é muito influenciado pelas animações franco- canadenses. O filme é uma poesia viva, um poema visual”, comenta a curadora, que é também coordenadora regional da Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA). Segundo Adriane, ao contrário das animações da Disney, que são mais próximas do cartoon, o Canadá tem uma longa tradição com a experimentação.
E é exatamente a experimentação que caracteriza a mostra. “Existe uma tendência, que se manifesta muito no Animamundi, de filmes que são tirinhas animadas, com muito texto. São mais oral do que visual, e acabam deixando a forma de lado. Fica parecendo que a pessoa tem medo de animar. O legal dessa mostra é que conseguiu fugir disso, o pessoal está arriscando mais”, afirma Adriane. Segundo a animadora, por causa da experimentação, tanto formal quanto temática, há uma grande variedade entre as animações.
“Tem essa linha experimental canadense do pessoal da EBA, e também tem os cartoons, mas que não se parecem nem com os da Disney nem os japoneses, são mais próximas das tirinhas do jornal”, comenta. Entre as animações da mostra mineira, estão “Nós de Gravata”, de Mateus Di Mambro, “Mercúrio”, de Sávio Leite, e “Pipo Pipa”, de Sheila Neumayr e Marconi Loures.
Fonte: O Tempo