por Alessandro Driê
Depois que o desmonte do Cine Excelsior veio à tona, adquirido segundo o jornal Tribuna de Minas pelo proprietário da loja Tecidos Marabá, uma onda de indignação tomou conta de internautas e moradores de Juiz de Fora.
Muitos ainda perguntam se a reativação de um cinema ali é viável. Sim: É viável. Um dos exemplos vem da mais fina flor da ironia. Observem as imagens a seguir, retiradas do Google Maps. São do centro da cidade de São Paulo, diante do Cine Marabá.
Cine Marabá à direita. Reparem à esquerda, no hotel com a entrada marcada com retângulo.
Para quem não conseguiu ver, o mesmo hotel, visto de frente. O nome seria coincidência?
Imagem da entrada do Cine Marabá, localizado no centro de São Paulo.
O Cine Marabá foi um dos cinemas mais importantes daquela cidade nos anos 1940 e 1950. Possuía pouco mais de 1.600 lugares e os exibidores ficavam de olho nas filas das sessões: Se dobrassem o quarteirão, o filme seria sucesso no Brasil todo.
Este cinema funcionou por 63 anos sem interrupção até fechar na década passada, para reformas, nas quais a grande sala foi dividida por 5, inclusive com uma para filmes em 3D.
Ruy Ohtake, filho da pintora Tomie Ohtake, e Samuel Kruchin foram os responsáveis pelo projeto do novo Multiplex Marabá. Parte do lugar foi preservado e restaurado por sugestão do órgão local de Patrimônio Histórico, como o foyer e a entrada. Já algumas das novas salas possuem espaços redondos, característicos de toda a obra de Ruy Ohtake.
Uma das novas salas do Cine Marabá. Foto: G1
Com esta nova cara, o Cine Marabá terá um papel importante na renovação do centro de São Paulo. Situa-se próximo à famosa esquina da MPB, na avenida Ipiranga com São João, e na região da chamada Cinelândia Paulistana, onde ainda há outros cinemas de rua para serem retomados.
O Marabá já incentiva este processo e espera-se ver esta recuperação ao longo da década, uma vez que a população daquela cidade debate a revitalização da área central, que ainda sofre os efeitos da decadência dos tempos áureos e do abandono.
Outro exemplo de cinema, que enfrentou um processo parecido com o Cine Excelsior de Juiz de Fora, foi o último remanescente dos cinemas de rua de Niterói, no estado do Rio de Janeiro.
Cine Icaraí, em total abandono. Imagem: Pelo Cine Icaraí
O Cine Icaraí, localizado no bairro de mesmo nome, foi construído entre as décadas de 1930 e 1940, e como o Excelsior e o Marabá, também possui o art-deco correndo em suas veias.
Estava fechado desde 2005 e foi decretado de utilidade pública e desapropriado pela prefeitura local, sendo entregue à Universidade Federal Fluminense (UFF) para abrigar um centro cultural. Provavelmente, além de cinema, terá teatro e dança. Em breve, novas informações serão divulgadas por aquele município.
Enfim, com estes exemplos, as dúvidas sobre um futuro funcionamento do Excelsior como cinema se dissipam. É interessante ainda, que podemos conciliar o contemporâneo e o antigo. Novas tecnologias podem conviver perfeitamente com o passado, como por exemplo o iMax – com sua tela gigante e curva – e o próprio 3D.
O Excelsior como espelho do — atenção — Cine Marabá, lembrando das imagens acima, é hoje o desejo dos amantes do cinema, seja da cidade de Juiz de Fora ou do mundo todo.
Pesquisa, em 07/12-2011:
Arcoweb – Ruy Ohtake e Samuel Kruchin – Reforma do cine Marabá – 15/04/2009
G1 – Cine Marabá reabre no Centro com cinco novas salas – 29/05/2009 – 07h00 – Atualizado em 29/05/2009 – 11h15
G1 – Abertura do cine Marabá traz esperança para retomada da ‘Cinelândia Paulistana – 30/05/2009 – 15h44 – Atualizado em 30/05/2009 – 15h44
G1 – Cine Icaraí, no RJ, é desapropriado para abrigar centro cultural da UFF – 06/12/2011 13h23 – Atualizado em 06/12/2011 13h35
Franco Groia
Pelo Cine Icaraí – 07/12/2011