Eu não me lembro exatamente quando soube que haveria a possibilidade de se construir um condomínio na Mata do Krambeck.
Achei um absurdo aquilo, mesmo eu tendo uma ligação com a área de arquitetura e sabendo que poderia ganhar uma oportunidade de trabalho.
Não cheguei a ver o projeto, embora acredito que esta imagem acima possa ser dele. Por mais bem intencionados que sejam os autores, acredito que o espaço será melhor oferecido ao público. Juiz de Fora possui poucas opções de lazer e, a cada dia, o contato com a natureza vem diminuindo. Não vi com bons olhos a criação de uma “ilha da fantasia” no meio da cidade.
Em 2006, no terreno do antigo colégio Magister — uma bela casa em estilo moderno que foi demolida — houve o corte de uma gigantesca árvore, uma figueira. A cidade não conseguiu evitar, seja por acontecer justamente num feriado prolongado (época do dia 12 de outubro), ou pela omissão do poder público. No mesmo dia, eu estava no sul de Minas, onde por coincidência, ajudei a plantar uma árvore da mesma espécie. A ameaça voltara a se repetir numa escala ainda maior, contribuindo para a cidade se tornar menos verde.
Para quem não conhece, a Mata do Krambeck é uma enorme área verde, localizada praticamente no centro geográfico – mas não no centro comercial – da área urbana de Juiz de Fora. Quem chega na Rodoviária se depara com um “paredão” de árvores. É ali.
Pelas suas características, guarda semelhanças com a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ainda não é um parque, apenas uma Área de Preservação Ambiental. Com uns 300 hectares, os ufanistas gostam de dizer que a Mata é a “maior reserva particular urbana de Mata Atlântica do mundo”. Até onde sei, só tem Mata Atlântica no Brasil…
Brincadeiras à parte, procurei na web sobre a Mata do Krambeck para me inteirar do assunto. Na época da pesquisa sobre o curta e quando escrevo estas palavras, havia pouca coisa relevante, como este post. Nada no Wikipédia, por exemplo. Mas li que de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o índice de área verde por habitante é de 12m², enquanto em Juiz de Fora este índice é de aproximadamente 2m²/habitante! Comparando, Belo Horizonte tem 27m²/habitante e Curitiba possui 51m²/habitante…
Do restante que sei, descobri com as pessoas ligadas ao movimento de preservação. A Mata, ao que parece, já foi uma plantação de café! Localiza-se nos terrenos da família Krambeck, proprietária de um dos primeiros curtumes industriais do Brasil, e atualmente é formada por 3 sítios: Retiro Velho, Retiro Novo e Sítio Malícia. Por algum motivo que ainda não me foi bem explicado, o sítio Malícia chegou nas mãos dos empreendedores do condomínio.
Depois eu soube que a luta já vinha de algum tempo. E este ano, os ambientalistas, artistas, simpatizantes da causa e membros da família Krambeck se viram obrigados a correr atrás da preservação com mais força, temerosos com a situação da Mata, que chegava a um ponto crítico. Mais adiante, o blog mostrará alguns fatos sobre esse movimento ambiental e também da proposta de compra do terreno pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Muita gente não dá importância à questão ambiental, detesta árvores por achar que infestam a cidade de ratos e outros “bichos”. Há o agravante no caso da Mata do Krambeck, por ter um acesso restrito, onde a maioria dos juiz-foranos sequer pisaram. Mas depois eles reclamam que não tem nada onde moram ou que vivem num lugar muito feio. Isso quando a questão passa pelo social e há muito a ser escrito.
Acredita-se que a preservação da natureza minimiza as alterações no clima, cada vez mais rigorosos e irregulares. As pessoas deveriam se conscientizar! A região é conhecida como Zona da Mata… tomara que ainda sobre alguma!