Matéria publicada no portal Acessa.com, em 06 de agosto de 2007.
Núcleo de Cinema Juiz de Fora Cidade Aberta reúne apaixonados por filmes clássicos
*Guilherme Arêas
Colaboração
06/08/2007
Filósofo, arquiteto, farmacêutico, engenheiro, designer, universitário, aposentado… Aparentemente pessoas diferentes, com profissões e vidas totalmente distintas, mas que se reúnem por uma paixão: o cinema.
A casualidade dos encontros desses adoradores da sétima arte virou coisa séria e, hoje, eles integram o Núcleo de Cinema Juiz de Fora Cidade Aberta.
Tudo começou em 1996, quando o fundador do grupo, Willian Salgado (foto abaixo), iniciou, como autodidata, estudos mais aprofundados sobre o cinema. O curso de Farmácia não impediu que o então estudante fizesse uma matéria sobre cinema na faculdade de Comunicação Social.
Em 2002, Willian organizou uma mostra com os filmes do diretor francês Jean-Luc Godard. No evento conheceu pessoas que se interessavam em estudar e descobrir novas obras de outros diretores clássicos.
Em mais um encontro casual, em uma vídeo-locadora, conheceu Sandro Santiago (vídeo), outro apaixonado pela sétima arte.
Depois de algumas conversas e de reunir mais cinéfilos, o núcleo foi fundado e, hoje, se reúne, semanalmente, no Anfiteatro João Carriço, no Prédio da Funalfa, que apóia o núcleo, cedendo o local três vezes por mês.
O núcleo
Apesar das três sessões mensais, o grupo se encontra toda semana. Em uma das reuniões, os integrantes do núcleo deixam a tela de lado e se reúnem em algum bar da cidade. O assunto? Cinema, claro. As saídas já foram batizadas de cinebar e acontecem na segunda quinta-feira de cada mês.
Atualmente o Núcleo de Cinema Juiz de Fora Cidade Aberta conta com cerca de 15 participantes. As sessões são sempre acompanhadas de uma pequena introdução para apresentar o autor do filme do dia e, depois de assistirem, os integrantes iniciam as discussões sobre os temas abordados nas obras.
Segundo o coordenador, Willian Salgado, o objetivo do grupo é disponibilizar, gratuitamente, filmes clássicos que não estão no circuito comercial de cinema, com o intuito de aguçar a sensibilidade de quem assiste às obras mais importantes do cinema. Na programação, escolhida por Willian e sugerida por todos os integrantes, estão os filmes mudos, em preto e branco, passando pelos anos 60 e chegando até os clássicos contemporâneos.
“O sucesso do nosso grupo se dá, principalmente, pelo respeito das opiniões que se divergem. Independente do gosto pessoal de cada integrante, cada um tem o direito de opinar e colocar seu ponto de vista sobre os aspectos das obras apresentadas. As pessoas não precisam saber sobre as técnicas cinematográficas. O que importa é que ela mude a sua visão de mundo, ou seja, que o filme passe alguma mensagem para quem assiste
“, defende Willian.
Além das sessões, o núcleo criou um grupo de e-mails, em que trocam informações e discutem sobre os assuntos da sétima arte. Um blog também foi outro meio encontrado para manter a comunicação entre os participantes. “A idéia é facilitar o contato entre os integrantes, além de disponibilizar a programação mensal e textos relacionados ao cinema”
, afirma o participante do núcleo e criador do blog, Alessandro Driê.
O futuro
Apesar dos anos de filmes e debates, para os integrantes do Juiz de Fora Cidade Aberta, o núcleo ainda tem muito a crescer. A dedicação e os planos prometem um futuro promissor para as atividades do projeto. Mas o crescimento do grupo esbarra na falta de apoio.
“A idéia é, em 2008, transformar o núcleo em pessoa jurídica para facilitar nossas ações, como realização de festivais de videodança, por exemplo. Seria importante, também, se associar ao Conselho Nacional de Cineclubes para divulgar nossas atividades e ampliar os debates”, defende Rogério de Campos Teixeira (foto ao lado), integrante de cineclubes desde os anos 60.
De acordo com o coordenador das atividades do grupo, o núcleo realizou um levantamento que apontou a possibilidade de realizar 68 mostras temáticas diferentes. A idéia é começar a série de mostras com as obras do cineasta norte-americano Martin Scorsese. “Nós já temos o espaço para as mostras (o Anfiteatro João Carriço) e os cartazes e folderes de divulgação já foram feitos pela integrante e designer, Aline Paiva. O que falta é apoio para colocar essas atividades em prática. Nós estamos abertos a qualquer tipo de incentivo
“, revela Willian.
Enquanto o apoio não chega, os integrantes deixam o convite para participação no núcleo. Qualquer pessoa interessada em assistir, aprender e discutir as principais obras da sétima arte será bem-vinda. As sessões acontecem na primeira, terceira e última quinta-feira de cada mês, sempre às 20h, no Anfiteatro João Carriço (Avenida Barão do Rio Branco, 2234 – Parque Halfeld). A entrada é gratuita.
*Guilherme Arêas é estudante de Jornalismo na UFJF
Fonte: Acessa.com