Matéria publicada no portal Acessa.com, em 05 de abril de 2017.
Mercado cresce e abre espaço para trabalhos juizforanos
Renata Cristina
Repórter
Desde as primeiras animações, elaboradas manualmente por desenhistas, até o que se vê, hoje, no cenário juizforano muita coisa mudou. Cenas pouco movimentadas e desenhos artesanais foram substituídos por toques digitais, que dão vida a seres, antes, denominados “estáticos”.
A prova de que a “arte da animação” está ganhando espaço na cidade vem de diversos cantos, cada um com a sua história. Até quem fazia o cinema tradicional, como o cineasta Rogério Terra, está se aventurando pelo ramo. Em 2006, Rogério lançou “A Miragem”, seu primeiro trabalho no gênero, depois de ter rodado filmes como “O sagrado coração da memória” (1998), “Sob a sombra dos anjos” (1999), “Os fantasmas da cidade (2000) e “O coração de Maria” (2004).
O cineasta diz que já tinha feito algumas experiências caseiras, para entender e testar truques. Mas foi com “A Miragem”, curta com cinco minutos de duração, que ele realmente entrou para a cena da animação cinematográfica.
Para quem sempre gostou de desenhos, dar movimento aos seus personagens foi um passo natural. O chargista Cacinho, com mais 20 anos de traços ousados em jornais e revistas do país, também investiu na área. Atualmente, ocupa um dos primeiros lugares no ranking de produção em Juiz de Fora.
Só em 2006, foram seis vídeos e alguns prêmios, como o primeiro lugar da mostra “Universo Olhar Digital”, com Adivinha dos Peixes, e o 3º lugar no Animaserra, em Três Rios, com “Alberico Procura” .
“O espaço se abriu tanto no mercado quanto em festivais. Antes, não havia um número significativo de encomendas e as animações competiam em mostras de cinema”
, considera Cacinho. Mesmo com a evolução dos recursos e técnicas, o chargista acredita na dedicação e empenho para chegar a um resultado “natural”, sem apontar os artifícios usados durante a filmagem.
A primeira tentativa do animador aconteceu ainda na faculdade de cinema, com curtas experimentais. Para realizar o premiado vídeo em stop motion “Alberico Procura” foram quatro meses de gravação, em que cenário, personagens e movimentação eram precisamente calculados para dar veracidade aos bonecos.
Migrando dos cartoons e fanzines para a animação digital, o especialista em animação pela PUC-RJ, Léo Ribeiro, também acredita em um boom no setor.
“Há 10 anos, era praticamente impossível produzir animação no Brasil. Hoje, tudo pode acontecer dentro de casa, devido ao maior acesso aos equipamentos e técnicas. A finalização digital reduziu os custos”
, avalia.
Em cinco anos de carreira, Ribeiro é conhecido pelo pioneirismo, já que dirigiu e produziu o primeiro curta-metragem de animação finalizado em vídeo em Juiz de Fora. Logo na estréia, com “As aventuras do Lobo-Guará” levou o prêmio de melhor curta de animação no Festival Olhares, da UFV. Na bagagem, ainda estão trabalhos como “Roque – A Jogada Mortal”, premiado como melhor curta animação no 1º CINEPORT Cataguases, além de “O Andar Superior”, primeiro curta finalizado em 35mm na cidade.
Com o aumento do número de festivais voltados para o gênero, Léo reconhece que seu trabalho ganhou maior visibilidade. Seus vídeos já passaram por diversas cidades brasileiras, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis, Sergipe, Gramado, até ultrapassar as fronteiras nacionais, quando foram selecionados para festivais em Los Angeles (EUA), Lima (Peru) e Buenos Aires (Argentina).
O animador Alessandro Driê também foi um dos que saiu dos desenhos estáticos para as telas. “Enxergo um vasto leque na área. Na cidade, o mercado publicitário também vem se interessando mais pelas produções em 2D”
, revela.
Em seu currículo, está “Poliedro – O Resgate”, a “Menina dos olhos de sua carreira”, que conta a história de Murilo Mendes para crianças e foi patrocinado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei Murilo Mendes.
Em 2006, Driê coordenou o Dia Internacional da Animação em Juiz de Fora, envolvendo simultaneamente 19 cidades brasileiras e 36 países, representando a América, Europa, África e Oceania. O evento, criado em 2002 pela Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA), é marcado por uma mostra de trabalhos em animação do país e do exterior.
Fonte: Acessa.com