Matéria publicada na Tribuna de Minas, em 19 de agosto de 2006.
Histórias contadas sob o viés do patrimônio cultural podem passar despercebidas quando não contamos com um olhar a mais. Pensando nisso, e com intenção de mostrar justamente esta abordagem em várias produções cinematográficas, a Funalfa volta, pela terceira vez, a juntar cinema e patrimônio. A idéia é revelar traços de preservação e conservação do mesmo, minuciosamente trabalhados pela sétima arte. E, para provar que criação cinematográfica e bens culturais podem andar de mãos dadas em qualquer parte do mundo, a fundação reunirá, de hoje a quinta, longas nacionais e internacionais, além de curtas locais, financiados pela Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura. As sessões, gratuitas e seguidas de debate, acontecem às 20h, no Anfiteatro João Carriço.
De forma poética, imagens e fantasias que as pessoas constróem em si vêm à tona nos “Sonhos” do diretor japonês Akira Kurosawa. “É um profissional brilhante que aborda o patrimônio sob o seu aspecto material, pelas construções edificadas”, define o curador da mostra, Paulo Gawryszewski. Um prato cheio para o arquiteto Marcos Olender – convidado para um debate com o público – dar a sua contribuição para o Dia do Patrimônio Nacional, comemorado no último domingo.
Amanhã, será a vez de Fábio Assunção dar as caras na telona, já que integra o elenco de “Espelho d’água – Uma viagem no Rio São Francisco”, de Marcus Vinícius Cezar. Após a exibição da viagem do fotógrafo Henrique pelo Velho Chico, descobrindo lendas, festas e tradições da região, o arquiteto Júlio César Sampaio falará sobre os pontos que tocam o patrimônio imaterial, destacados no longa.
Na quinta, um presente para Juiz de Fora. Três animações e o curta “Hulha Branca”, de Wilton Araújo, todos locais, estão escalados para antecipar o debate da historiadora Erika Aleixo. “Como defender um cafofo ou as aventuras do Lobo Guará no reino da especulação imobiliária” e “Roque – A jogada mortal” traduzem a crítica feita pelo diretor Leo Ribeiro às “ambiciosas construções que assolam os últimos resquícios da história de uma cidade”.
Já a animação “Poliedro – O resgate” foi o caminho que Alessandro Driê encontrou para tentar reproduzir o que havia ressaltado em seu livro homônimo: a Juiz de Fora do início do século XX. “Juntando todos estes trabalhos, a gente consegue revirar a memória da cidade para realçarmos o papel do patrimônio no reforço da identidade cultural do juizforano”, diz Erika Aleixo, adiantando sobre o que pretende falar no último dia da mostra em que cinema e bem patrimonial serão projetados na mesma tela.
– De hoje a quinta, às 20h, no Anfiteatro João Carriço (Av. Rio Branco 2.234 – Centro). 3690-7044.
Hoje – “Sonhos”
Amanhã – “Espelho d’água – Uma viagem no Rio São Francisco”
Quinta – “Como defender um cafofo ou as aventuras do Lobo Guará no reino da especulação imobiliária”, “Roque – A jogada mortal”, “Poliedro – O resgate” e “Hulha Branca”
Fonte: Tribuna de Minas